sexta-feira, 25 de outubro de 2013

NOTURNO


Minha alma é como o rochedo onde o abutre pia sem medo zombando do vendaval
Coberto de escuros matizes e lavrado em cicatrizes dos raios no temporal

Nem um resto de esperança e nem um gesto de bonança na fronte sinto passar
Os invernos me despiram e as vaidades que haviam nunca mais hão de voltar

Quero morrer! Este mundo, com seu sarcasmo profundo, manchou-me de lodo e fel
Meu talento consumiu-se e minha esperança esvaiu-se, dos martírios ao tropel

Quero morrer! Não é crime. Este fardo que me oprime, dos ombros lançá-lo ao chão
Da lama desprender-me rindo e as asas brancas se abrindo, perder-me pela amplidão

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